Comunhão e fé em Cristo

Há alguns aspectos da vida cristã, dos quais temos nos afastados, especialmente nos tempos presentes. A consolação mútua é um deles. De tal maneira a vida moderna nos envolve com sua correria e tensão que, como crentes, temos perdido a bênção da convivência e de maior comunhão espiritual. Não temos tempo para confraternizar-nos, orar juntos, conversar sobre determinados problemas ou situações que nos atingem como cidadãos ou como membros de igreja. Nosso grau de conhecimento e participação como irmãos vai se restringindo a encontros esporádicos na igreja, uma saudação mais expressiva hoje ou amanhã, em razão de algum evento especial, e com isto, nós vamos perdendo a bênção da consolação mútua, a verdadeira expressão da comunhão cristã.
Paulo fala sobre esta bênção em sua vida e na dos crentes em Roma. Desejava estar com eles para que, juntos, pudessem mutuamente experimentar o conforto da alegria, da paz, da compreensão, que só o evangelho pode comunicar ao coração daqueles que crêem. É a isto que ele está se referindo no texto que escolhemos para essa postagem: “… para que juntamente convosco eu seja consolado em vós pela fé mútua, vossa e minha.” Rm 1:12.
A vida secular de hoje nos oprime de tal forma que cada um de nós vive praticamente isolado em seu mundo, em seu lar e na própria família e, no máximo, o seu trabalho e profissão. Convivência e comunhão fraternas vão sendo esquecidas como bênçãos da vida cristã, pois não as experimentamos com os nossos irmãos. Só os vemos aos domingos quando chegamos à igreja e de passagem, vamo-nos cumprimentando rápida e fugidiamente.
Paulo se refere à bênção da vida cristã, que se expressa na consolação mútua: Ele a exercendo para com os crentes em Roma, e esses a exercendo para com ele também. Paulo seria bênção para os cristãos romanos, enquanto esses seriam bênção para o apóstolo. Vamos nós hoje cultivar esta bênção?
Após escrever sobre o seu desejo de visitar os crentes em Roma, o apóstolo faz uma declaração um tanto intempestiva, tendo em vista os comentários que vinha fazendo até então. Em grande número das versões bíblicas, estes dois versículos são tidos como uma espécie de anúncio, por parte do apóstolo, da razão de ser da carta que estava escrevendo, o assunto principal que iria expor, ou seja, a justiça obtida pela fé em Cristo, e não pela lei.
Pelo que virá a seguir no texto da carta, acreditamos que o apóstolo estivesse sabedor de alguma influência de legalistas judeus sobre a comunidade cristã em Roma e os possíveis problemas que isto poderia estar causando. Daí sua palavra taxativa sobre o que iria escrever e sobre a igualdade tanto do judeu como do grego (o gentio ou o bárbaro) em face do evangelho: “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Rm 1:16
O que Paulo estaria afirmando antes de entrar no assunto com mais detalhamento, como o fará a partir do capítulo 2, é que todos os homens são iguais em face da salvação pela fé. Não há privilegiados. Os judeus, por descenderem de Abraão, não seriam preferidos, ou os gregos (uma forma de linguagem genérica para caracterizar todos os povos estrangeiros) preteridos. A justiça de Deus seria uma só para todos os homens, exercida no sentido positivo (a salvação) ou negativo (a perdição), em função da fé em Cristo como Senhor.
Nos dias de hoje, essas diferenças sociais ou raciais já não existem. Ou, pelo menos, não são tão marcantes como naquela época. Assim, precisamos estar cientes sempre de que diante de Deus e seu plano redentor, todos somos iguais. Pelo fato de descendermos de uma família cristã, de termos sido educados no evangelho, ou de já termos exercido algum trabalho ou obra para a igreja, isto não nos distingue como especiais. O que nos identifica como salvos é, única e exclusivamente, a fé em Cristo, que nos justifica do pecado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devocionais da semana 01-07 de setembro de 2024

Devocionais da semana 02-08 de fevereiro de 2025

Devocionais da semana 23-29 de março de 2025