Estudos Bíblicos



A IGREJA PRECISA DE DISCERNIMENTO
Texto Bíblico - Efésios 1:15-23
Introdução
Em Filipenses 1:9, temos uma oração de Paulo pedindo que eles tivessem o amor aumentado “mais e mais em pleno conhecimento e em todo o discernimento. A igreja precisa ter conhecimento, e isto é atividade intelectual. Ela precisa se conhecer a si mesma, o mundo onde esta plantada e o Deus que é sua razão de ser. O conhecimento deve ser seguido de discernimento, ou seja, de capacidade de aplicar o conhecimento. Não basta conhecer intelectualmente; é preciso colocar em prática.
A igreja de hoje precisa de discernimento. A nossa época cobra uma presença mais eficaz da igreja, e ela precise estar presente com sabedoria, com discernimento. Vemos muitas igrejas copiando praticas de umbanda, candomblé e outros movimentos espiritualistas, sem qualquer discernimento. Vemos outras igrejas usando músicas sem saber a origem e o propósito com que foram compostas. Vemos também muita ignorância a respeito dos propósitos de Deus para a igreja, bem como a respeito de sua origem, natureza e missão.
Que lição precisamos ter de tudo isso mediante a Luz das Sagradas Escrituras?
I – A oração incessante de Paulo - Efésios 1:15,16
Vamos partir analisando a Oração Incessante do Apóstolo Paulo.
Sabedor da fé e do amor presentes entre os leitores, Paulo diz: “(...) não cesso de dar graças por vos, lembrando-me de vós nas minhas orações" (\/-15), A motivação não são as noticias a respeito dos leitores, mas também de tudo o que ele expôs anteriormente: "por isso também eu (..,)”. A obra redentora da Trindade é o motivo das orações de Paulo a favor dos leitores, porque ele quer que tenham um conhecimento do que Deus fez, faz e ainda fará na vida da igreja. Ele quer que eles tenham uma visão das consequências da salvação, pois ela não acontece como um ato subjetivo, que só nos sentimos, mas tem reflexos imediatos na vida. É por isso que Paulo pôde saber a respeito da “fé que entre vos há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos” (v 15). A salvação se manifesta na pratica de fé e do amor a favor das pessoas. A redenção acontece na vida de cada individuo, mas se manifesta na comunidade. Somos seres solidários.
Paulo está certo ao orar por este nível de vida cristã. Geralmente as nossas orações pedem a bênção material, a saúde, mas dificilmente vemos pessoas pedindo que Deus lhes de condições de evidenciar o amor de Jesus e tornar prática a fé que dizem ter nele.
A igreja precisa deixar de ser teórica e partir para a prática. Quantos milhares de quilos de papel gastos em Bíblias, revistas de estudos bíblicos, livros, etc. e o povo continua na ignorância? Precisamos orar muito pelo discernimento espiritual.

II - As coisas que Deus quer que a igreja saiba - Efésios1:17-23
Paulo enumera os seus pedidos a Deus a favor da igreja: "para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo. o Pai da Gloria, vos de o espirito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele" (V. 17). O “espirito de sabedoria e de revelação" é um dom do Espirito Santo concedido para tomar-nos sábios, porque só ele e capaz de revelar a verdade (Jo 14:26; 16:13; I Co 2:12). As coisas espirituais só se compreendem espiritualmente e não podem ser fruto exclusivo dos métodos do raciocínio do humano. O homem por si mesmo não pode compreender as coisas de Deus, é preciso que o Espirito Santo de o espirito de sabedoria e revelação.
Esse e um dom destinado a todos os crentes e não a alguns somente, como se interpreta. Ha um grupo de pessoas que dizem ter o espirito de revelação e de sabedoria, como se fosse algo dado somente para elas, constituindo-se assim em portadores das revelações de Deus. Não é isso que Paulo esta dizendo. A sabedoria e a revelação são conseguidas pelo exame criterioso das Escrituras, mediante auxilio do Espirito Santo, porque ele habita em nos e nos ilumina para o entendimento. O versículo 18 afirma: "(...) sendo iluminados os olhos do vosso coração". Isso quer dizer que o espirito de sabedoria e revelação abre os nossos olhos espirituais para enxergarmos aquilo que nunca víamos porque olhávamos com os olhos mesmos e não com o coração.
O desejo de Deus é que tenhamos “pleno conhecimento", ou seja, conhecimento completo, verdadeiro, acurado “dele". O conhecimento verdadeiro é aquele que temos de Deus. Nesta vida não atingiremos esse ideal, mas podemos ter a certeza de que podemos saber muitas coisas pela ajuda do Espirito Santo, porque é ele que nos ilumina ao usar todas as nossas faculdades na busca do discernimento. Podemos não entender todas as coisas mas entenderemos todas aquelas necessárias para o nosso crescimento espiritual.

1) A esperança da vocação (v. 18)
A obra permanente do Espirito Santo em nos faz-nos entender o que Deus quer de cada um de nós e nos faz compreender as grandes verdades de nossa fé. A primeira coisa que Deus quer que saibamos é o que a esperança é de fato. Deus é quem nos chama (“vocação"), e é uma chamada para a esperança, a qual é uma atitude da mente transformada que se sente segura diante das expectativas do cumprimento das promessas de Deus. Paulo ensina em Romanos 5:2 que a “esperança da gloria de Deus" é o que sustenta o crente a cada dia.
A esperança faz parte da tríade que sustenta a vida crista: a fé, a esperança e o amor (I Co 13:13). É preciso saber exatamente no que cremos. Isso há de sustentar nossas vidas. Quando decidimos seguir a Jesus, o nosso coração foi inundado de esperança e ela, bem compreendida, pode nos sustentar em todos os momentos, pois sabemos que o nosso lugar não é aqui.

2) As riquezas da gloria (v. 18)
“Para que saibais (...) quais as riquezas da glória da sua herança nos santos" (V. 18). O versículo 17 mostra que Deus é o Pai da glória, ou seja, só ele merece a glória. Tudo que fizermos, devemos fazer para a sua glória. Aqui Paulo fala novamente de glória e de herança. No versículo 11,ele fala que “fomos feitos herança”. Aqui Paulo quer que entendamos que somos preciosos aos olhos de Deus como sua herança.
O povo de Deus e muito precioso para ele. Em nós, ele é glorificado. Por isso, entre nós, se manifesta sua glória. A igreja precisa ter consciência de seu valor para Deus, não importando se o mundo nos despreza, nos odeia. A nossa posição de santos e fiéis em Cristo é uma posição de honra. Deus se agrada de seu povo quando este faz a sua vontade e vive a sua Palavra no mundo.

3) A suprema grandeza do seu poder (v. 19-23)
"(...) e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos" (,,.) (V. 19). “Suprema grandeza” é literalmente “grandeza excedente", que não se pode medir nem pesar. Deus faz muito mais que possamos imaginar! Num só versículo, Paulo usa quatro palavras gregas relacionadas com “poder”: “poder", dúnamis, uma qualidade de Deus que é habilidade natural, geral e inerente; "operação”, energeia, é o poder em ação, que se manifesta operosamente, é Deus operando sua vontade; “força”, kratos, força manifestada; "poder", ischuos, força, poder como uma dadiva. Deus é único que tem poder de tato, e ele é o único que pode nos outorgar o poder para a vida Cristã. Podemos dizer que a vida Cristã é “energizada” e onde se manifesta o poder de Deus.
Crer no poder de Deus tem muitas implicações para a igreja de hoje. A pergunta sempre feita pelas pessoas é: Por que não vemos o poder de Deus operando em nossas igrejas? O problema não é que Deus não opere, mas o tipo de poder que queremos ver manifestado. A maioria condiciona a demonstração de poder às curas, milagres e expulsões de demônios. Há muito mais acontecendo no mundo além dessas coisas e que são reflexos do poder de Deus. Deus esta agindo na conversão de pessoas, na direção da historia de países, no movimento missionário no mundo inteiro. Ele age com poder, mas nem sempre é do modo que desejamos.
Para Paulo, como se manifestou o poder de Deus? Vejamos:
a) Ressuscitou a Cristo (v. 20). Paulo diz que o poder de Deus “operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos" Este e um dos atos centrais no Novo Testamento, porque a ressurreição de Jesus é a garantia de nossa ressurreição futura. O ato é de poder porque é vitória sobre a morte e a garantia de que ele é o Senhor da vida.
b) Glorificou a Cristo (v. 20, 21). Depois de ressuscitado, Jesus foi glorificado. “(...) fazendo-o sentar-se a sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro”. Sentar à direita e ser igual em poder. Jesus é glorificado e recebe domínio sobre todos os poderes. Ninguém há igual a Cristo. Ele é o Senhor absoluto, e isso devemos confessar com todo o fervor.
A supremacia de Cristo sobre todos os poderes deve ser confessada e vivida pela igreja. Não há nenhum poder que possa competir com ele. Se hoje vemos o mal triunfar, isso é apenas aparentemente, porque todo o poder pertence a Jesus. Em nossa luta, que não é contra pessoas, mas contra os poderes destrutivos que querem dominar o mundo, cuja eficácia é diabólica, precisamos usar as armas espirituais, e uma delas e a confissão de Jesus como o único Senhor Todo-Poderoso. A ele os poderes, as autoridades, as potestades, etc., devem se submeter.
Deus, então, compartilha com Cristo o seu poder e nos dá a nós os seus servos, o poder para vivermos a vida cristã e resistirmos ao Inimigo de nossas almas, A igreja deve exercer a sua missão no poder de Deus e não na confiança exclusiva de seus métodos.
c) Sujeitou todas as coisas aos pés de Cristo (v. 22). Em Cristo convergem todas as coisas, pois tudo Deus colocou sob o seu domínio, ou seja, “debaixo dos seus pés" Ele é o Senhor de fato e de direito. Ninguém pode escapar dessa realidade. O homem pode rejeitar a Cristo, mas prestará contas de sua rejeição, porque ele esta sujeito também a Cristo. Não está por ato de obediência voluntaria, mas está como consequência da verdade de que tudo pertence a Cristo e tudo está sob o seu Senhorio.
d) Deu Cristo a igreja, o seu complemento (v. 22,23). “(...) e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu a igreja, que é seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas." A igreja está numa posição privilegiada diante de Deus, pois este deu o Senhor a ela. Ela também é dominada pelo Senhor Jesus Cristo, porque confessa seu senhorio e vive sob as suas ordens.
Alguns interpretam este versículo 22 como significando que o que a igreja recebeu também foi o domínio sobre todas as coisas, inclusive sobre os principados, autoridades, poder e domínio. A igreja tem autoridade, mas o texto indica que quem é dado a igreja é o Senhor Jesus Cristo, Isso lembra João 3:16, que afirma que Deus deu o “seu Filho" para a salvação de todo o que crê nele.
A igreja está numa posição de honra porque é "complemento" de Jesus. É por meio da igreja que Jesus age no mundo. Como complemento, a igreja não pode se considerar um fim em si mesma, mas um meio de difundir a graça do evangelho de Jesus.

Conclusão para a nossa vida
1. A igreja precisa aprender a discernir a sua época.  A igreja precisa conhecer o mundo que o cerca para poder ministrar bem as suas necessidades.
2. A igreja precisa aprender a discernir a si mesma. Precisamos compreender nossa origem, natureza e missão e quais são os recursos que temos para a batalha Precisamos saber do que somos capazes e qual a razão de sermos uma igreja. Deus não quer que vivamos na ignorância espiritual.
3. A igreja precisa se conscientizar de que deve agir segundo o poder de Deus. O poder dele se manifesta de muitos modos e não só através de atos milagrosos. O poder do evangelho é ativo no mundo, e a igreja é proclamadora dessas verdades.

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